Repensar a Educação na ilha de Santiago
foi matéria de mais um Fórum – o II Fórum, e teve lugar no concelho do Tarrafal
nos dias 4 e 5 do corrente.
Lembramos aos nossos leitores que o I
Fórum aconteceu no concelho de Santa Cruz, nos dias 5 e 6 de Outubro de 2012, em
resultado de vários encontros entre os seus promotores, na busca da melhoria de
qualidade da Educação na ilha de Santiago, em particular, e em Cabo Verde, no
geral.
Este II Fórum reuniu os delegados do MED
de todos os concelhos da ilha e respectivas equipas, a senhora Ministra da
Educação, a senhora Directora Nacional da Educação, o senhor Delegado do MED da
ilha do Maio, o senhor Presidente da Câmara Municipal do Tarrafal e sua
comitiva, representantes dos serviços desconcentrados do concelho e demais
convidados, num total de cerca de 200 participantes.
Na abertura, a senhora Ministra da
Educação e Desporto disse esperar que deste Fórum saiam subsídios que visem
melhorar o funcionamento do sistema.
Na sua comunicação, pôs a tónica no
princípio lógico e fundamental que é o de pensar e agir, realçando que todos
somos protagonistas dos desafios, ganhos e mudanças ocorridos na educação.
E com estas palavras declarou aberto o II
Fórum que tinha os seguintes painéis:
1 - “Qualificação dos Profissionais da
Educação Pré-Escolar à Luz dos Desafios do Actual Sistema Educativo e
Desportivo”;
2 – “Prioridades Educativas na ilha de Santiago
no contexto da globalização”;
3 – “Modelo de Gestão
das Escolas à Luz da Nova Lei de Base do Sistema Educativo Cabo-verdiano: Uma
Reflexão e o Contributo para uma Acção Construtiva”;
4 – “A Supervisão
Pedagógica no Quadro das Opções de Política Educativa Cabo-verdiana”;
5 – “O papel da
comunicação no actual contexto do sistema educativo e desportivo”;
6 – “Que Modelo de
Educação Física e Desporto Escolar para os Próximos Tempos”.
A Dra. Graça Sanches era oradora do
primeiro painel onde, na sua comunicação, deixou claro que a Lei de Base já
regula todo o sistema educativo cabo-verdiano, onde o pré-escolar é parte
integrante, e, mais do que isso, é o alicerce sobre o qual se pode construir
tudo o resto.
E remata, dizendo que
precisamos, permanentemente, de uma acção de formação e de actualização,
porquanto as capacidades de hoje podem não responder aos desafios de amanhã.
Terminou com a seguinte
frase para reflexão:
“O Cérebro de uma criança desenvolve-se a
uma velocidade impressionante, nos primeiros anos de vida, por conseguinte, a
educação Pré-escolar é crucial, uma vez que pode criar os alicerces para o
desenvolvimento pessoal e social”.
Como orador do segundo painel
“Prioridades Educativas na ilha de Santiago no contexto da globalização”,
esteve o Doutor Gabriel Fernandes.
Para o orador, num
contexto de escassez de recursos, é fundamental traçar prioridades e definir
metas, e apontou algumas delas:
- Desafio de nos agirmos como agentes de
mudança;
- Definir o nosso lugar
no mundo;
- Se queremos um novo
homem para o séc. XXI, nós mesmos devemos transformarmo-nos nesse homem;
- Devemos trabalhar para
que a sociedade nos vê como pessoas de respeito, de confiança;
- O professor deve
assumir a sua profissão como uma missão;
- Antes de pensarmos no
que os outros podem fazer para nós, devemos pensar no que podemos fazer para os
outros;
- Promover a cultura do
trabalho.
E concluiu deste modo a
sua intervenção:
“Se formos ousados, e
acima de tudo, proactivos, conseguimos realizar muitas coisas com parcerias e
redimensionamento do pacote formativo.”
«Modelo
de Gestão das Escolas à Luz da Nova Lei de Base do Sistema Educativo
Cabo-verdiano: Uma Reflexão e o Contributo para uma Acção Construtiva»
O Dr. Adriano Monteiro foi o orador
deste painel e segundo ele, não há um modelo ou uma receita para a questão de
gestão das escolas, porquanto os modelos educativos reflectem o contexto
sócio-político específico do momento em que se vive.
A nova Lei de Bases do Sistema Educativo,
de 2010, - explicou o orador - ao propor o alargamento do ensino obrigatório de
6 para 8 anos de escolaridade, leva a que se questione quanto ao figurino de
gestão que seja mais adequado. Este alargamento do ensino obrigatório levou o
MED a implementar uma nova orgânica que traduzisse uma visão de sistema, em
oposição à compartimentação das estruturas centrais que existia, o que, por seu
turno, implica e reconfiguração dos estabelecimentos do ensino para poder
acompanhar esse novo figurino de gestão das escolas.
“Que modelo de Gestão?” Foi a pergunta
que levantou a seguir.
Tal passaria, segundo explicou, por uma
gestão democrática e participada, por uma escola orientada pela criatividade, que
tenha a força de intervenção social e implementadora de mudanças a esse nível,
ao passo que seja capaz de exercer a sua autonomia pedagógica e administrativa.
Em suma, que seja uma escola eficaz e efectiva, cuja gestão está centrada na
sala de aula.
Para a «A Supervisão Pedagógica no Quadro
das Opções de Política Educativa Cabo-verdiana» - IV painel, o orador foi o Doutor
Bartolomeu Varela.
Para a «A Supervisão Pedagógica no Quadro
das Opções de Política Educativa Cabo-verdiana» - IV painel, o orador foi o Doutor
Bartolomeu Varela.
Na sua comunicação, citou três documentos
orientadores: a Constituição da República, a Lei de Bases do Sistema Educativo
e as Grandes Opções do Plano para a Educação.
Dentro da supervisão pedagógica citou
nove cenários:
Cenário de imitação artesanal; Cenário da
aprendizagem pela descoberta guiada; Cenário behaviorista; Cenário clínico;
Cenário psicopedagógico; Cenário pessoalista ou desenvolvimentista; Cenário
reflexivo; Cenário ecológico; e Cenário dialógico.
E não se esqueceu das modalidades de
supervisão:
Supervisão correctiva; Supervisão
preventiva; Supervisão construtiva; Supervisão criadora; Supervisão científica;
Supervisão democrática.
O V painel «O papel da comunicação no
actual contexto do sistema educativo e desportivo» tinha como orador o Doutor
Silvino Évora.
A sua explanação, centrou-se na relação
existente entre a comunicação e a educação, fazendo referência a dois grandes
marcos temporais da relação comunicação/educação:
1 - Desde a Grécia antiga ao séc. XIX em
que a comunicação era vista como um instrumento ao serviço da educação;
2 - Do séc. XIX ao séc. XX – Era das
grandes revoluções na área da comunicação, considerada a sua fase de afirmação,
já um pouco desagregada da educação e centralizada na vida das pessoas.
E perante a diversidade de informações
que são passadas através dos meios de comunicação, impõe-se agora a necessidade
de educar as pessoas para o consumo – saber escolher os programas.
A Doutora Filomena Fortes era oradora do
último painel “Que Modelo de Educação Física e Desporto Escolar para os
Próximos Tempos”
Antes de mais, fez a questão de
distinguir actividades físicas de educação física, questionado qual é que seria
melhor para Cabo Verde, para, de seguida, expor algumas questões técnicas ligas
à Educação Física. Na sequência, ressaltou os seguintes aspectos negativos que
condicionaram o desenvolvimento da Educação Física Escolar nas últimas décadas:
pouca mudança na prática pedagógica;
divergência de abordagens; ambiguidade no enquadramento no leque de
áreas de conhecimento. Quanto aos aspectos positivos, avançou os seguintes:
proposta de diferentes abordagens; Educação Física escolar como objecto de
investigação académico-científica; preparação profissional diferenciada.
Para ela uma
Educação Física deve ser isenta de burocracia, ministrada ao longo da vida,
ajustada à realidade local e à dinâmica desportiva do nosso tempo, fundamentada
numa actividade física curricular e disciplinar, entre outros.
Concluiu com as questões dos intervenientes
externos, para, de seguida, identificar os pontos seguintes como os maiores
desafios para a Educação Física e o Desporto Escolar: Melhorar a oferta
desportiva, Estimular a procura do Desporto Escolar, Qualificar a actividade do
Desporto Escolar e Consolidar a Gestão do Desporto Escolar.
Acto de
encerramento:
O senhor
delegado aproveitou a ocasião para fazer a resenha da educação no concelho e
agradecer, em seguida, todos os participantes, os patrocinadores e demais
colaboradores deste grande Fórum.
Disse esperar
que as sementes ali lançadas encontrem terreno fértil para germinar, crescer e
dar frutos em abundância.
No seu discurso
de encerramento, o senhor Ministro do Ensino Superior, Ciências e Inovação,
parabenizou o Delegado anfitrião e sua equipa pela excelente organização.
Igualmente
agradeceu os promotores do Fórum “Repensar a Educação na ilha de Santiago”, e
disse acreditar que este Fórum veio em boa hora e que vai ser um forte
contributo na construção de uma escola nova, centrada no aluno e na sala de
aula.
Uma escola nova
e transformadora, para a qual são precisos professores com formação sólida.
Foi com este
discurso que deu por encerrado o II Fórum “Repensar a Educação na ilha de
Santiago”.
NCI
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